Em meio ao mar de estreias da fall season, bate aquele sentimento de desespero em quem, certamente, não conseguirá acompanhar metade das séries que gostaria. Portanto é uma espécie de prazer mórbido comentar sobre alguns s01e01 descartáveis e que podem tranquilamente virar paisagem quando chegarem a TV brasileira. E esse é exatamente o caso de nossas estrelas da semana: Madam Secretary e The Red Band Society.
Então vamos começar pela nova série produzida e protagonizada por Téa Leoni: Madam Secretary.
A ex-agente da CIA Elizabeth McCord tenta levar uma vida normal, lecionando e cuidando de sua família após anos no tumultuado cotidiano do serviço secreto. Mas quando o Secretário de Estado do governo americano sofre uma trágica morte, ela recebe o convite para assumir o posto e comandar as relações exteriores dos Estados Unidos.
Pode se dizer que Madam Secretary é uma mistura de Homeland com House of Cards e algumas pitadas de The Newsroom. Isso, claro, se você tirar da equação o talento de Claire Danes, a complexidade da construção de sua personagem bipolar e a tensão onipresente dos roteiros de Homeland. E, obviamente, remover o carisma de Kevin Spacey, a divertida canalhice de seu personagem, Frank Underwood, e todo a perversa realidade dos bastidores de Washington presentes em House of Cards. Ah! Quase ia esquecendo… pode acabar também com os diálogos rápidos e afiados de The Newsroom.
Mas e aí… sobra o quê?
Não muita coisa, a não ser um amontoado de tentativas fracassadas de pegar emprestados elementos de outras séries. O resultado é uma trama morna com personagens totalmente bidimensionais e atuações burocráticas. Pelo que o piloto demonstra, teremos mais uma série onde uma mulher em posição de poder desafia seus próprios limites e barreiras morais para conseguir vencer. Cansei só de pensar.
A série estreou lá fora com uma fenomenal audiência de mais de 13 milhões de espectadores, mas vai ter que comer muito feijão com arroz para se manter assim. Uma série dessa temática exige, no mínimo, personagens interessantes e bem construídos. Se ao longo da temporada outras cores forem adicionadas a essas criaturas, quem sabe a série não encontre um rumo minimamente original. Por enquanto é novela das oito pra gringo ver.
E agora é hora de nossa segunda vítima da semana: The Red Band Society.
Existe uma regra de ouro na análise de audiovisual: trilha sonora apelona é sinônimo de que querem te distrair pra cair em cilada. Ok… mentira. Essa regra eu inventei agora. Mas acredito nela. Mesmo.
The Red Band Society conta a história de um grupo de jovens internados na ala pediátrica de um grande hospital. Ao enfrentar seus próprios dilemas pessoais, acabarão descobrindo na força da amizade maneiras de vencer e encontrar a felicidade.
Pra não perder o costume: dá pra resumir esse piloto em algo parecido com Grey’s Anatomy encontra Malhação. Por mais assustadora que pareça essa perspectiva.
Baseada em uma série de TV espanhola chamada Polseres Vermelles, a versão americana é produzida por Steven Spielberg, que parece ter o “toque de merdas” no que se refere a produções televisivas. Sim, Falling Skies. Estou olhando pra você.
Graças aos céus o piloto logo desiste de te convencer que um episódio narrado por um garoto em coma é a nova revolução na narrativa audiovisual. Uma pena que ele parta disso para requentar todo e qualquer clichê imaginável em produções que envolvam adolescentes problemáticos. Antes que você pergunte: sim! A cheerleader insuportável não poderia ficar de fora dessa farra.
Aliás, farra é o que melhor descreve esse primeiro episódio. Basicamente, os adolescentes mais saudáveis do mundo estão presos em um hospital. Tem o garoto com fibrose cística (uma doença degenarativa dos pulmões) que fuma baseado e anda de skate pelos corredores. Tem o garoto problema, que não aceita companheiros de quarto e deve ter o plano de saúde mais compreensivo da face da Terra. Tem a menina com bulimia que mora no hospital pois… bem… o roteiro pede. Enfim, a justificativa para essa turminha aprontar altas confusões nesse hospital do barulho é simplesmente a vontade de produtores discutirem um tema “pesado” de forma (ridiculamente) “leve e alto-astral”. Patético.
Ponto positivo para o tema, que poderia render uma ótima série. Mas o tom, a perspectiva… tá tudo errado. É um Glee com câncer, que tenta te convencer que ficar doente é a melhor coisa que pode acontecer. Não, nem de longe.
A coluna s01e01 é publicada todas as segundas-feiras. Viu um piloto bacana e quer indicar pra gente? Viu um piloto muito merda e quer nos sacanear? Mande suas sugestões nos comentários!