Páprica » Séries http://paprica.org Cultura Pop com Tempero Tue, 21 Aug 2018 17:18:56 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.3.17 A Batalha dos Streamings http://paprica.org/2016/12/a-batalha-dos-streamings/ http://paprica.org/2016/12/a-batalha-dos-streamings/#comments Wed, 14 Dec 2016 20:43:23 +0000 http://paprica.org/?p=25140 streamingdestaque

Há uma semana a HBO cumpriu o prometido e lançou seu serviço de streaming para não assinantes dos pacotes de TV a cabo. Ok, a gente sabe… o lançamento foi uma espécie de “soft opening“, em apenas 4 estados brasileiros (BA, MS, DF e ES) e somente para assinantes do pacote de internet da operadora Oi. Hoje, foi a vez da Amazon e seu serviço de streaming também colocarem os pés oficialmente no Brasil, com o lançamento do Prime Video. Ambas competem agora com a Netflix, que já possui uma base fiel de assinantes no país.

Será o começo do fim para os pacotes tradicionais de TV a cabo?

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Antes de tudo, algumas explicações sobre os serviços e suas diferenças básicas.

netflix-logoA Netflix já é nossa velha conhecida. Possui pacotes que custam entre R$19,90 e R$29,90 dependendo do número de telas simultâneas e resolução desejada, acesso nacional e uma tonelada de conteúdo, que varia entre produções próprias e conteúdo licenciado de outras produtoras e estúdios. O pagamento pode ser feito através de cartão de crédito, pay pal, débito em conta (apenas em alguns bancos) e cartões pré-pagos. Também possui um mês de teste para novos usuários. Recentemente adicionou a opção de consumir conteúdo offline, que fica armazenado previamente no dispositivo do usuário. Atualmente o grande trunfo da Netflix são suas produções próprias de grande sucesso como Stranger Things, Narcos, Orange is The New Black, House of Cards e também os frutos de sua parceria com a Marvel nas séries Demolidor, Luke Cage e Jessica Jones.

hbogoA HBO Go, além do acesso gratuito para quem já é assinante do pacote de TV, custa R$34,90 por mês e, por enquanto, pode ser contratado apenas para assinantes da banda larga Oi nos quatro estados citados anteriormente. Possui todo o acervo de produções próprias da HBO e um catálogo relativamente limitado de filmes. No comunicado oficial, a empresa afirma que em breve terá o serviço disponível para outros estados brasileiros e também está firmando parcerias com outras operadoras. Não é preciso dizer que o serviço era amplamente aguardado por todos os fãs de Game of Thrones que se recusavam a ter um pacote completo de TV a cabo para poder contratar o canal. Além disso, produções como Westworld, Veep e The Leftovers também devem atrair o público.

amazonA Amazon Prime Video além de novata, é também a opção mais barata: custa apenas 3 dólares nos seis primeiros meses. Considerando a cotação da moeda hoje (14 de dezembro de 2016) o serviço sai por pouco menos de R$10,00 mensais. Após esse período ela passa a custar U$5,99, em torno de R$20,00 por mês. Também possui um período de teste de uma semana para novos usuários do serviço. O pagamento é feito através da conta Amazon com um cartão de crédito vinculado. Ainda não está claro se será possível efetuar o pagamento com gift cards da loja. O serviço também já chega com a opção de consumir conteúdo offline. Atualmente a Amazon está investido agressivamente na produção de conteúdo próprio – como as séries The Man In The High Castle, The Grand Tour e a multipremiada Transparent – e também na compra de conteúdo de outros produtores, como um dos filmes favoritos ao Oscar 2017, Manchester By The Sea. Além disso a Amazon promete que o Prime Video consome menos dados do que outros serviços, graças a seu sistema próprio de compactação. Em tempos de internet com planos de dados regulados esse pode ser um diferencial importante.

Apesar de tudo isso, a grande questão do momento é: será possível cancelar meu plano de TV e permanecer apenas com internet banda larga e serviços de streaming? Então vamos fazer uma pesquisa básica pelas três principais fornecedoras de banda larga do Brasil.

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O primeiro grande desafio é encontrar os preços praticados fora dos chamados “combos” no site das empresas. Para a contratação de um plano de 15MB existem promoções, como a da NET, que chegam a dar 85% de desconto durante 3 meses, caso o cliente assine junto o serviço de telefonia fixa e TV. Mas o valor do plano de 15MB sem telefone fixo e sem tv por assinatura fica em R$99,00 mensais. Apesar disso, o valor informado quando a compra do serviço seria finalizada mostra o valor de R$104,90 e uma taxa de adesão de R$240,00 no primeiro mês.

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Já na Vivo, que recentemente adquiriu a GVT, a informação fica mais clara, porém o valor um pouco mais alto. A mesma velocidade sai por R$105,90 mensais e há uma taxa de instalação de R$240,00 cobrada na primeira fatura.

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No site da Oi é realmente difícil encontrar a opção da contratação da banda larga sem o telefone fixo. Ela fica em uma área totalmente sem destaque, abaixo dos preços dos combos. O valor da internet de 15MB na Oi fica em R$123,90 mensais, além de uma taxa de habilitação de R$160,00 a ser paga na primeira fatura.

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Levando todos os valores em consideração (mensalidade + taxas diluídas em 12 meses), a NET tem um custo mensal de R$124,90, a Vivo de R$125,90 e a Oi custaria R$137,20 por mês, todas pelo mesmo plano de 15MB. Para se ter uma ideia, quando se contrata na NET os mesmos 15MB com um plano de TV com 187 canais e telefone fixo, o preço mensal fica em R$159,90. Os planos para que você tenha apenas internet existem, mas todo o produto é desenhado para que não valha a pena contratar apenas aquilo que é necessário.

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O que diabos estou fazendo com meu dinheiro?

 

 

É justamente por esse tipo de posicionamento das operadoras que muitas críticas foram ouvidas em relação a HBO Go vender seu serviço atrelado à banda larga Oi. Segundo comunicado da empresa, eles “não são uma empresa de tecnologia” (como a Netflix) e preferiram não se pronunciar a respeito das acusações de venda casada.

Existe alguma lógica na HBO abrir mão de toda a burocracia necessária para ser um provedor de conteúdo independente no país. Efetuando parcerias com as operadoras é possível abrir mão de uma série de funções necessárias na cobrança, administração e suporte do serviço, que passam a ser terceirizadas, porém também fica no ar uma dúvida sobre um possível acordo entre cavalheiros. As operadoras de TV a cabo no Brasil tiveram uma queda de 500 mil usuários nos últimos 12 meses (segundo dados da Associação Brasileira de TV por Assinatura), enquanto a Netflix cresceu quase 100% entre setembro de 2015 e outubro de 2016, passando de 3,21 milhões para cerca de 6,08 milhões de usuários. Em 2016 a Netflix já ultrapassou o número de usuários da SKY e a projeção é que, entre o segundo e terceiro trimestre de 2017, ultrapasse também a NET, que tem hoje 7,29 milhões de usuários. A HBO vender seu produto diretamente ao consumidor final poderia significar mais um prego no caixão do modelo atual de TV paga. Independente de ser considerada venda casada ou não, a parceria entre HBO e operadoras certamente não é o melhor para o consumidor, que se verá mais uma vez preso a uma empresa com cláusula de fidelidade e suporte precário.

A Amazon chega ao país com outra postura: a de ser uma concorrente da Netflix e não uma aliada de empresas ancoradas a um modelo antigo de negócios. De olho em parte da gigantesca fatia do mercado que a concorrente vêm desbravando sozinha, o Prime Video chega com preço competitivo e a promessa de pesado investimento na produção de conteúdo exclusivo nos próximos anos. Além disso, mesmo se somando o valor da assinatura Netflix média com o da Amazon Prime Video, o valor é mais baixo do que o da HBO Go. Algo que certamente vai fazer o usuário pensar duas ou três vezes antes de assinar o contrato da Oi.

Os dias em que as empresas decidem a programação da sua TV estão perto do fim. Netflix e Amazon, nascidas no auge do empreendedorismo do Vale do Silício, parecem já ter surgido com o DNA certo para enfrentar esses novos tempos. A HBO, agora pertencente a um grande grupo de telecomunicações americano, parece estar abusando do carinho conquistado nos últimos anos para manter um modelo, já morto, respirando por aparelhos.

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Zeitgeist of Thrones http://paprica.org/2016/06/zeitgeist-of-thrones/ http://paprica.org/2016/06/zeitgeist-of-thrones/#comments Tue, 28 Jun 2016 16:42:02 +0000 http://paprica.org/?p=24920 GOT_DESTAQUE

Imagine um pequeno cientista de pele laranja, cabeça grande e gigantescos olhos escuros. Vamos chamar ele de Zeb (pode ser?). Zeb vive alguns milhares de anos no futuro, em um desses planetas distantes milhares de anos luz da Terra, ao qual levaríamos alguns milhares de anos luz para chegar, caso fosse possível viajar na velocidade da luz e viver alguns milhares de anos.

O trabalho de Zeb é captar dados vindos do espaço, tentando encontrar vida inteligente fora de seu planeta. Por um desses acasos do destino (ou um defeito do satélite da HBO na hora de atender a uma solicitação de streaming), Zeb acabou recebendo o season finale da sexta temporada de Game of Thrones em seu terminal. Como o povo de Zeb não é muito afeito a consumir dramaturgia, nosso pequeno cientista laranja sequer questionou o fato de que o arquivo de vídeo, que atravessou quasares, desviou de supernovas e chegou até sua antena praticamente intacto, poderia ser obra de ficção. Passou então a analisar nossa história com base naquele relato histórico, tal qual fizemos com representações artísticas de civilizações anteriores a nossa.

Superado o susto com nossa péssima aparência (sem desconfiar de que o povo de Game of Thrones é, em geral, bem mais bonito que a média de nossa população), Zeb percebeu que os habitantes da Terra convivem com dragões, tem de lidar com mudanças climáticas drásticas, conspirações políticas nefastas, guerras entre povos vizinhos, assassinatos de crianças, crueldade, escravidão, sadismo, preconceito e todo tipo de doença social já superada por seu povo há alguns milênios. Espantosamente, Zed se enganou apenas em relação aos dragões.

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Você já deve ter ouvido a palavra zeitgeist, talvez graças àquele filme que ficou famoso ao tratar de várias teorias da conspiração. Mas o termo, que vem do alemão, precede (em muito) o filme e significa “o espírito de uma época”. É comum vermos obras culturais tentando entender o zeitgeist. Mad Men é um bom exemplo de como, através de um microcosmo, é possível analisar o comportamento, a estrutura familiar, a cultura, a política, a religião, enfim… entender como um determinado povo se comporta em determinada época, captando os valores daquela sociedade e dramatizando-os.

A princípio pode soar estranho tratar Game of Thrones como nosso zeitgeist, afinal não temos dragões, nem zumbis de gelo, nem lobos gigantes, tampouco vivemos em uma sociedade pré-renascentista. Mas não por acaso, em uma época onde a crença no ser humano, na bondade e na virtude é tão questionada, uma das séries de maior sucesso mundial retrata justamente a dureza de um período medieval. Ainda que fantástico, o ambiente de Westeros possui a dureza, a falta de esperança e a descrença na vitória da virtude contra a maldade, característicos de uma sociedade da idade média. E também da nossa.

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Apesar de o primeiro livro da série Crônicas de Gelo e Fogo ter sido publicado há 20 anos, as temáticas abordadas na saga e amplificadas por todo o hype da série de TV convergem e conversam com um momento importante de nossa história, tornando uma atração de época em algo extremamente contemporâneo. Basta analisar as várias facetas da trama idealizada por George R. R. Martin para perceber suas contrapartes nos noticiários de 2016. A desconfiança dos europeus para com imigrantes que fogem de uma situação onde perderam sua casa e boa parte de suas famílias para o terrorismo e extremismo encontra eco em todo o arco onde os “selvagens” tentam achar abrigo e salvação em Westeros. A mistura bizarra entre poder político e conceitos religiosos conservadores vistos com o empoderamento do clero em Porto Real fala muito sobre o movimento de endurecimento de lideranças políticas em relação aos direitos constitucionais de minorias. A ascensão das mulheres à posições de liderança, enquanto ainda sofrem com sexismo e violência, também são algo com o que estamos lidando (não muito bem) em nossa sociedade.

Apesar de todos esses paralelos, o que mais impressiona é realmente o espírito da sociedade atual transcrito na ficção. É normal termos exemplos de obras que captam o sentimento atual e se adequam, seja por interesse comercial ou artístico, às mudanças intempestivas de nossa inteligência coletiva. Tolkien registrou o espírito dos aliados contra o eixo na Segunda Guerra Mundial, por mais que o autor diga que a história não é uma alegoria. Os super-heróis no final dos anos 30 representavam o sentimento de esperança de uma sociedade saída da Grande Depressão. Game of Thrones, seja como literatura, seja como obra transmídia, capta com perfeição o sentimento negativo e cínico de nossa sociedade.

Se você duvída que Game of Thrones seja o zeitgeist de nossa geração, entre em qualquer área de comentários de uma notícia sobre direitos civis de minorias, política ou violência contra a mulher. Você, assim como Zeb, vai concordar que estamos na idade média.

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s01e01 /// True Detective, segunda temporada http://paprica.org/2015/06/s01e01-true-detective-segunda-temporada/ http://paprica.org/2015/06/s01e01-true-detective-segunda-temporada/#comments Mon, 22 Jun 2015 16:23:09 +0000 http://www.papricast.com.br/?p=23963 DESTAQUEtrue2

Mediocridade. Essa é a palavra que define True Detective. Poderia ser uma definição apenas da primeira temporada, mas o primeiro episódio desse novo capítulo da antologia mostra que Nic Pizzolatto não tinha um único recorte sobre a mediocridade americana para nos mostrar.

A história foge de grandes centros urbanos. Foge de pessoas brilhantes em suas áreas de atuação. Foge da repercussão midíatica dos casos investigados. Foge de qualquer escopo macro sobre seus personagens e foge até mesmo de atores fora da faixa de mediocridade, para não correr o risco de abrilhantar sua falta de brilho. True Detective é o oposto do brilhante, poderia ser definida como opaca. A caixa de seu box de DVD’s (caso isso ainda exista em 2015) deveria vir coberta de fuligem, saída das recorrentes chaminés que cospem poluição em uma vizinhança medíocre, tudo para afugentar o brilho, que poderia deturpar a beleza média de sua genialidade.

Talvez essa seja a frase que melhor resume o sentimento americano nos últimos tempos. O futuro cheio de torres brilhantes e carros voadores não aconteceu e foi trocado por medo de terrorismo, indústrias queimando combustível sem parar e casos constantes de violência, aparentemente, gratuita. O sonho americano não é mais otimista e não representa a sensação de onipotência de décadas passadas. O americano médio entende sua posição média no mundo e chafurda em seus dramas medíocres, como se eles fossem interessantes para alguém mais. Não por sorte True Detective faz sucesso entre público e crítica, já que mais do que brancos, negros, judeus, muçulmanos, esquerdistas e republicanos… o mundo está cheio de gente medíocre, como eu e você, preocupados com seus dramas medíocres, com comprar pão depois do trabalho e pagar a conta de luz em dia.

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A catarse dessa mediocridade, na série, se dá através da violência. Do lado de cá da tela, vez ou outra, a falta de perspectiva de brilhar em algum aspecto da vida também costuma resultar em gente machucada, as vezes morta. Mas não é essa catarse banal que a série busca destacar, e sim um lapso de ruptura com a realidade, uma tentativa de brilhar, com as armas erradas e pelos motivos errados. As teorias de grandeza demoníacas da primeira temporada contrastam com a dor crua e não expressada de um dos protagonistas, afinal o grande drama humano de perder sua família não é nada diante dos arroubos de imortalidade de um maluco enfurnado em uma fazenda calorenta do sul dos Estados Unidos. A diferença entre a morte horrenda e medíocre e aquela voltada aos desejos loucos de um ser fadado ao esquecimento é o que define o foco de True Detective. A fuga da normalidade é tão urgente que joga holofotes sobre as tentativas mais macabras de conseguir esse objetivo.

Na segunda temporada somos apresentados a quatro protagonistas: Ray, interpretado por Colin Farrell, é um policial que foi levado à corrupção por um desejo de vingança compreensível. Ani, vivida por Rachel McAdams, é uma policial sem intenções de grandiosidade, investigando crimes de prostituição e deixando assuntos familiares se envolverem em seu trabalho. Paul, interpretado por Taylor Kitsch, é um policial rodoviário com um passado problemático e tendências suicidas. E, por fim, temos Frank, com a interpretação de um improvável Vince Vaughn vivendo um proto-mafioso que depende de um acordo, ainda nebuloso, para alcançar seus objetivos.\

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Todos esse personagens têm em comum a ambição de mascarar suas personalidades para não serem percebidos como destoantes do ambiente onde atuam. Ray entra no jogo de corrupção, Ani se despe de qualquer vaidade em um ambiente essencialmente masculino, Paul não quer mostrar a fragilidade de sua mente interferindo em seu corpo e Frank se acha medíocre demais para que sua presença entre os poderosos da região não soe estranha. Paira sobre todos a obrigação de não se destacar, de ser medíocre em cada aspecto das suas vidas e caberá à trama tirá-los dessa zona de conforto e jogar luz sobre todos seus medos, defeitos e inseguranças. Foi assim a mecânica que quebrou, iluminou e fez crescer Rust e Marty como personagens na primeira temporada, e o mesmo veremos acontecendo com Ray, Rachel, Paul e Frank. A raiva, a motivação, o medo e a insegurança são ícones visíveis para esses quatro personagens que ainda serão muito explorados nos próximos sete episódios. Se será feito com o mesmo fino trato e competência, ainda veremos.

Faça bullying com alguém novamente e eu volto e estupro o seu pai, ao lado do corpo decapitado da sua mãe. Entendeu?

Não é a toa que as melhores frases desse primeiro episódio são de Colin Farrel. Ray é a personificação exagerada da sociedade moderna, prestes a explodir perante qualquer injustiça ou infração, mas ainda sendo muito mais parte do problema do que da solução. Seus sentimentos conflitantes em relação ao filho, que é fruto do estupro de sua esposa, o tornam uma granada sem pino. Ao mesmo tempo em que sabe da inocência da criança, transforma toda sua frustração e ódio reprimido em episódios de pura loucura, que o tornam, logo de início, o personagem mais interessante da temporada.

Se Colin Farrell conseguirá, assim como Matthew McConaughey, romper o casulo da mediocridade para finalmente brilhar… isso veremos daqui há 2 meses. Por enquanto, o que dá para ter certeza é que Nic Pizzolatto não teve sorte de principiante ao criar a série. Ele sabia muito bem qual ferida queria cutucar, e faz isso com muito estilo.

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True Detective /// 2º temporada ganha novo trailer http://paprica.org/2015/05/true-detective-2o-temporada-ganha-novo-trailer/ http://paprica.org/2015/05/true-detective-2o-temporada-ganha-novo-trailer/#comments Thu, 14 May 2015 23:52:17 +0000 http://www.papricast.com.br/?p=23807
“We get the world we deserve!”

Saiu mais uma prévia da segunda temporada de uma das séries mais incríveis de 2014. Dessa vez temos menos música, mais bigode e um pouco (bem pouco) mais de história. Mesmo sem entregar muito, o trailer nos aproxima um pouco mais do quarteto principal, Ani Bezzerides (Rachel McAdams), Paul Woodrugh (Taylor Kitsch), Frank Semyon (Vince Vaughn) e Ray Velcoro (Colin Farrell). 

Por enquanto as prévias estão mantendo o clima sombrio da primeira temporada e os personagens principais seguem com o semblante de quem já passou por muita mer** nessa vida. Eu definitivamente não gostaria de ser um detetive em True Detective

A segunda temporada de True Detective estreia dia 21 de junho.

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s01e01 /// Demolidor http://paprica.org/2015/04/s01e01-demolidor/ http://paprica.org/2015/04/s01e01-demolidor/#comments Sun, 12 Apr 2015 23:37:18 +0000 http://www.papricast.com.br/?p=23557 DESTAQUE_DEMOLIDOR

Essa última sexta-feira, dia 10 de abril de 2015, foi um belo dia para quem sempre viveu imerso no mundo dos quadrinhos de super-heróis. Chegar em casa, ligar a TV e ter uma temporada inteira de uma série com um dos personagens mais conhecidos das HQ’s é algo que vivi para ver. A cultura marginalizada durante tanto tempo, segregada a alguns poucos núcleos adolescentes nas décadas passadas, agora é mainstream

Mas não pense que eu digo isso porque a série do Demolidor, produzida pela Netflix em conjunto com a Marvel, é algo pioneiro. Super-heróis foram levados para a TV ainda nos anos 50, com a série do Superman estrelada por George Reeves, e antes disso já haviam seriados do personagem para o cinema e rádio. Quem não lembra dos telefilmes e da série do Hulk nos anos 70 e 80? Do sofrível seriado do Homem-Aranha? Lois & Clark foi febre durante suas primeiras temporadas nos anos 90 e Smallville foi idolatrado em seu início já nos anos 2000. E mesmo hoje séries como Arrow, Gotham e Agents of the SHIELD estão ativas e com boa audiência. Então o que separa Demolidor desse outro balaio de séries super-heróicas?

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A resposta é: valor de produção.

E não… isso não é sinônimo de dinheiro nem de efeitos especiais.

 

Todas as séries citadas acima foram tentativas de levar os quadrinhos para a TV aberta. Lá nos Estados Unidos isso é o equivalente ao novelão brasileiro, passando na Globo as 21h. São séries que normalmente tem 24 episódios por temporada (mas isso não é uma regra), tratam de uma trama maior mas tem esquemas de roteiro repetitivos, tratando do caso/monstro/bandido da semana. Isso não acontece por acaso nem por incompetência dos produtores. É um recurso, bem inteligente por sinal, para não frustar o público médio, que assiste a um ou outro episódio esporadicamente e ainda assim pode ter diversão por 45 minutos, sem grandes compromentimentos com uma supertrama que se estende por meses ou anos. Arrow, Gotham e Flash, as séries que são sucesso com os personagens da DC Comics, são exemplo disso. Você pode assistir o 13º episódio da terceira temporada, ver o Arqueiro Verde chutar algumas bundas e simplesmente ignorar o aspecto macro da jornada do herói.

Já a maioria das séries realmente cultuadas nos últimos anos, ao contrário do que muita gente pensa, não passam na TV aberta lá fora. The Walking Dead, Mad Men, True Detective, Os Sopranos, Game of Thrones, Breaking Bad são todas produções de canais por assinatura. Não por acaso seu nível de produção é completamente diferente. O ritmo dos episódios é muito mais cinematográfico e focado no “big picture” da história. Seja no desenvolvimento dos personagens ou nas jornadas que esses cumprem ao longo das temporadas, normalmente há muito mais planejamento por parte dos produtores e capricho por parte dos realizadores. As temporadas são menores, com eventos mais condensados e cada episódio tem muito mais relevância para a história. Não é incomum ter que reassistir a um episódio de House of Cards, por exemplo, para recapitular algum evento importante que não vai ser mastigado e regurgitado pra que você entenda o desenrolar dos acontecimentos. Mas o mais importante de tudo é que as séries dos canais por assinatura não precisam agradar a família inteira. Quando você lida com assinantes, pode trabalhar nichos, explorar violência, nudez e diálogos mais rebuscados e inteligentes, basicamente porque as pessoas estão pagando para assistir aquilo e não cozinhando macarrão enquanto ficam com um olho na tela.

demolidor_02Valor de produção é isso. É ter roteiristas, diretores, atores e produtores com mais experiência, mais talento e, consequentemente, mais bem remunerados, trabalhando em um projeto focado em um público mais qualificado. E assim como HBO, AMC, Showtime e outras, a Netflix vem se fortalecendo como uma das grandes produtoras de conteúdo de qualidade dentro do mundo das séries. Mas é claro que pegar o orçamento de uma série de 24 episódios e utilizá-lo para produzir apenas 10 ou 12 não atrapalha na hora de realizar os efeitos especiais ou caprichar no design de produção.

E é aí que Demolidor se diferencia de todas as outras tentativas de se levar um super-herói para uma produção de TV. É a primeira vez que uma grande produtora de conteúdo se responsabiliza e coloca sua chancela de qualidade em um material como esse. Se as séries “novelão” são o equivalente aos quadrinhos mensais e os filmes são as graphic novels, a série do diabão da Cozinha do Inferno chega para ocupar um patamar intermediário, ainda inexplorado. Seria como ter um belo encadernado de um arco, escrito por um grande nome dos quadrinhos.

A série mistura drama pessoal e um ótimo desenvolvimento

de personagem com o que há de melhor do cinema porrada oriental. Charlie Cox interpreta Matt Murdock, advogado recém formado que sofreu um acidente na infância que o deixou sem visão, porém acentuou o uso de todos os outros sentidos. Junto a seu sócio Foggy Nelson, vivido por Elden Henson, ele enfrenta seu primeiro caso para tentar inocentar Karen Page, interpretada por Deborah Ann Woll, de um assassinato que não cometeu. Mas como essa

é a série de um justiceiro mascarado, paralelo a seu trabalho diurno Matt enfrenta durante a noite uma gangue de traficantes de pessoas.

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Apesar de essa ser uma coluna sobre episódios pilotos de séries, tenho que confessar que assisti aos dois primeiros episódios da série antes de escrever esse texto. E foi no segundo em que a isca jogada finalmente me fisgou. Apesar de toda a bela construção do cenário em que a história se passa, é no segundo episódio em que vemos a real essência do personagem. Os flashbacks mostrando sua difícil infância ao lado do pai, o boxeador Jack “O Batalhador” Murdock, e como o caráter do jovem Matt foi moldado desde cedo, nos fazem entender quem é aquela pessoa e porque ela faz o que faz. No melhor estilo “discurso de Rocky Balboa”, Matt aprende da maneira mais difícil que não importa quantas vezes você cai, mas sim o quanto é capaz de levantar e continuar lutando.

Se a atuação de Charlie Cox já não convencesse enquanto ele usa terno e gravata, são nas cenas em que ele veste seu protótipo de traje de super-herói que percebemos todo o trabalho de construção do personagem. Desde pequenas ações que o Demolidor efetua sem virar a cabeça (simplesmente por não ser dessa forma que ele “vê” o que está fazendo), tudo é pensado para que o espectador não se esqueça por um minuto que aquele personagem não enxerga. Mérito também da equipe de coreografia de lutas e para o time de dublês, que consegue mostrar com perfeição um sujeito que continua brigando apesar de estar fisicamente destruído. Destaque para o final do segundo episódio, onde temos uma sequência de tirar o fôlego com clara referência à passagem mais famosa do clássico coreano Oldboy.

E aqui vale um adendo. Me desculpe quem consumiu a série de forma apressada para poder escrever “a primeira resenha da temporada completa” (afinal a internet hoje é basicamente o palco de quem viu primeiro), ou para o sujeito que engoliu os 13 episódios para contar vantagem para os amigos e vomitar suas opiniões com sabor de hambúrguer de microondas. Vocês não sabem de nada. Assistirei a temporada em doses homeopáticas, aproveitando cada momento e percebendo cada detalhe. Como já fiz nos dois primeiros episódios, voltarei para rever três vezes cada bela coreografia de luta. E é assim que aconselho que você desfrute dessa série. Chute o imediatismo de ter a temporada inteira disponível e deguste Demolidor. Nem o mundo, nem seus amigos, nem ninguém vai te achar uma pessoa incrível por ter acordado as 4h da manhã para assistir todos os episódios antes do resto da humanidade. Pode acreditar.

A partir destes dois primeiros episódios é fácil ver que a série está no caminho certo e agradará em cheio aos fãs que buscam uma adaptação levada a sério, como era de se esperar da Netflix pelos seus últimos trabalhos. Demolidor é a fase de ouro das séries de TV chegando nas adaptações de quadrinhos. Já não era sem tempo.

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True Detective /// 2º temporada ganha seu primeiro teaser http://paprica.org/2015/04/true-detective-2o-temporada-ganha-seu-primeiro-teaser/ http://paprica.org/2015/04/true-detective-2o-temporada-ganha-seu-primeiro-teaser/#comments Thu, 09 Apr 2015 18:31:49 +0000 http://www.papricast.com.br/?p=23547

FINALMENTE! Saiu o primeiro teaser da segunda temporada de True Detective. Todos os meus medos em relação ao elenco do segundo ano da série sumiram. A rápida montagem não fala nada sobre o plot dessa temporada, mas mostra Rachel McAdams como uma policial Bad AssColin Farrell sem fazer sua sobrancelha canastrona de galã e o comediante Vince Vaughn de cara fechada. Confesso que meu medo residia muito mais na capacidade artística de Colin Farrell do que no talento de Vince Vaughn para fazer um papel sério, mas aparentemente engordar e cultivar um bigode de bêbado deixou Colin Farrell com cara de ator.

Para quem ainda não conhece True Detective (fica aqui a minha reprovação), ou não lembra como vai funcionar a mecânica da série, essa segunda temporada não vai ter absolutamente nada a ver com a primeira. True Detective é uma série de antologias, apresentando uma nova história, com novos personagens a cada ano.

A segunda temporada de True Detective estréia dia 21 de Junho na HBO.

 

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Better Call Saul /// Confira o trailer extendido da série http://paprica.org/2015/01/better-call-saul-confira-o-trailer-extendido-da-serie/ http://paprica.org/2015/01/better-call-saul-confira-o-trailer-extendido-da-serie/#comments Mon, 12 Jan 2015 21:14:31 +0000 http://www.papricast.com.br/?p=23336

Vincent Gilligan (Breaking Bad) dirige o piloto que vai ao ar dia 8 de fevereiro nos Estados Unidos. Assim que o último episódio da temporada for ao ar por lá, o Netflix disponibilizará a temporada completa por aqui. Better Call Saul é uma série derivada do mega sucesso Breaking Bad e vai mostrar como era a vida do advogado de porta de cadeia Saul Goodman (Bob Odenkirk) 6 anos antes de conhecer Walter White.

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s01e01 /// The Flash http://paprica.org/2014/10/s01e01-flash/ http://paprica.org/2014/10/s01e01-flash/#comments Tue, 14 Oct 2014 01:36:46 +0000 http://www.papricast.com.br/?p=23024 post_s01e01_theflash

“Para entender o que tenho a dizer, você precisa fazer algo antes.Você precisa acreditar no impossível. Consegue fazer isso? Ótimo.”

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Quando essa é a primeira frase de qualquer história, prepare-se. Os roteiristas não estão nem um pouco dispostos a trabalhar para fazer você acreditar e comprar a história. Basicamente qualquer roteiro de ficção-científica baseia-se no improvável e no inexplicável, mas com um pouco de trabalho, blábláblá high-tech e artimanhas de roteiro, o impossível torna-se plausível para o público. Coisa natural para uma história bem contada. Mas deixar no ar um “acredite nisso porque sim” é duvidar do próprio roteiro, suplicando que o espectador não faça perguntas que são incapazes de ser respondidas pela equipe.

Pois apesar de todas as ressalvas da pré-produção (e depois de um “vazamento” que fez a internet inteira comentar o episódio piloto meses antes de sua estreia) finalmente chega a TV brasileira nesta quinta-feira, dia 16 de outubro, a série The Flash.

Barry Allen é um jovem cientista forense que trabalha para o departamento de polícia de Central City. Depois de um misterioso acidente Barry fica 9 meses em coma e, ao acordar, percebe que adquiriu o poder de se mover muito rapidamente, e passa a usar suas habilidades para combater o crime em sua cidade.

O s01e01 de The Flash não é exatamente o desastre que eu (e muita gente) esperava. Tampouco tem potencial para empolgar os fãs como era necessário. É apenas uma atração com tom juvenil e violência estilizada, própria para atrair o grande público e ser assistido por toda a família. Um Barry Allen, aparentemente, recém saído do segundo grau enfrenta dilemas adolescentes (como contar para uma garota que está interessado nela) e também vilões que tem todo o potencial amedrontador de um ventilador ligado na velocidade máxima. Por outro lado, os efeitos especiais acertam na maioria do tempo (exceto quando tentam mostrar a expressão de Barry correndo e o fundo borrado), dando uma percepção interessante de como a supervelocidade funciona para quem é superveloz. Diferente do seriado dos anos 90, onde o Flash parecia ter a velocidade de um carro esporte, aqui realmente temos a impressão de que o herói pode alcançar grandes velocidades e fazer muitas coisas com isso, além de chegar rápido em algum lugar. Resta torcer para que a Warner não faça aqui o mesmo que em Smallville, quando caprichava nos efeitos em apenas um ou dois episódios da temporada, deixando os outros para o estagiário terminar no programa 3D instalado no Computador do Milhão.

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Falando em Flash dos anos 90, a série traz um easter-egg bacana para os saudosistas da atração: o pai de Barry é interpretado por John Wesley Shipp, ator que interpretava o próprio Flash no passado. Grant Gustin, que dá vida ao personagem principal na série de 2014, até tem seu carisma e segura bem a atração, embora ainda pareça uma versão teen de um dos heróis mais cascudos da DC. O grande problema da série está em algumas escolhas narrativas que fazem com que seja impossível levar minimamente a sério o que se passa em tela. Os Laboratórios Star serem geridos por uma dupla de adolescentes bobos, por exemplo. Ou ainda o vilão totalmente mal concebido e executado.

O resultado final é de uma série que ainda parece insosa, sem o punch que uma adaptação de um personagem tão famoso deveria ter. Pegue o hype que há em torno da série do Demolidor, produzida pela Marvel e Netflix e divida por 407. É mais ou menos o nível de empolgação que os fãs tinham por essa nova série do Flash. Parece que, apesar de ser dona dos personagens E de um estúdio E de um canal de TV, a Warner insiste em apostar baixo em suas produções envolvendo super-heróis. Ronda na empresa um receio bobo de fazer uma versão “definitiva” de um personagem ganhar vida e ter que conviver com um possível fracasso. O saldo disso é que continuamos tendo, na TV, personagens da DC sem “colhões”. Parece sempre uma versão BETA, algo que ainda vai evoluir, que vai chegar lá. E a paciência e a esperança de que aconteça um Acerto – assim mesmo com A maiúsculo – vai diminuindo estreia após estreia.

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s01e01 /// Madam Secretary e The Red Band Society http://paprica.org/2014/10/s01e01-madam-secretary-e-red-band-society/ http://paprica.org/2014/10/s01e01-madam-secretary-e-red-band-society/#comments Mon, 06 Oct 2014 13:40:21 +0000 http://www.papricast.com.br/?p=22958 post_s01e01_2

Em meio ao mar de estreias da fall season, bate aquele sentimento de desespero em quem, certamente, não conseguirá acompanhar metade das séries que gostaria. Portanto é uma espécie de prazer mórbido comentar sobre alguns s01e01 descartáveis e que podem tranquilamente virar paisagem quando chegarem a TV brasileira. E esse é exatamente o caso de nossas estrelas da semana: Madam Secretary e The Red Band Society.

Então vamos começar pela nova série produzida e protagonizada por Téa Leoni: Madam Secretary.

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A ex-agente da CIA Elizabeth McCord tenta levar uma vida normal, lecionando e cuidando de sua família após anos no tumultuado cotidiano do serviço secreto. Mas quando o Secretário de Estado do governo americano sofre uma trágica morte, ela recebe o convite para assumir o posto e comandar as relações exteriores dos Estados Unidos.

Pode se dizer que Madam Secretary é uma mistura de Homeland com House of Cards e algumas pitadas de The Newsroom. Isso, claro, se você tirar da equação o talento de Claire Danes, a complexidade da construção de sua personagem bipolar e a tensão onipresente dos roteiros de Homeland. E, obviamente, remover o carisma de Kevin Spacey, a divertida canalhice de seu personagem, Frank Underwood, e todo a perversa realidade dos bastidores de Washington presentes em House of Cards. Ah! Quase ia esquecendo… pode acabar também com os diálogos rápidos e afiados de The Newsroom.

Mas e aí… sobra o quê?

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Não muita coisa, a não ser um amontoado de tentativas fracassadas de pegar emprestados elementos de outras séries. O resultado é uma trama morna com personagens totalmente bidimensionais e atuações burocráticas. Pelo que o piloto demonstra, teremos mais uma série onde uma mulher em posição de poder desafia seus próprios limites e barreiras morais para conseguir vencer. Cansei só de pensar.

A série estreou lá fora com uma fenomenal audiência de mais de 13 milhões de espectadores, mas vai ter que comer muito feijão com arroz para se manter assim. Uma série dessa temática exige, no mínimo, personagens interessantes e bem construídos. Se ao longo da temporada outras cores forem adicionadas a essas criaturas, quem sabe a série não encontre um rumo minimamente original. Por enquanto é novela das oito pra gringo ver.

E agora é hora de nossa segunda vítima da semana: The Red Band Society.

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Existe uma regra de ouro na análise de audiovisual: trilha sonora apelona é sinônimo de que querem te distrair pra cair em cilada. Ok… mentira. Essa regra eu inventei agora. Mas acredito nela. Mesmo.

The Red Band Society conta a história de um grupo de jovens internados na ala pediátrica de um grande hospital. Ao enfrentar seus próprios dilemas pessoais, acabarão descobrindo na força da amizade maneiras de vencer e encontrar a felicidade.

Pra não perder o costume: dá pra resumir esse piloto em algo parecido com Grey’s Anatomy encontra Malhação. Por mais assustadora que pareça essa perspectiva.

Baseada em uma série de TV espanhola chamada Polseres Vermelles, a versão americana é produzida por Steven Spielberg, que parece ter o “toque de merdas” no que se refere a produções televisivas. Sim, Falling Skies. Estou olhando pra você.

Graças aos céus o piloto logo desiste de te convencer que um episódio narrado por um garoto em coma é a nova revolução na narrativa audiovisual. Uma pena que ele parta disso para requentar todo e qualquer clichê imaginável em produções que envolvam adolescentes problemáticos. Antes que você pergunte: sim! A cheerleader insuportável não poderia ficar de fora dessa farra.

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Aliás, farra é o que melhor descreve esse primeiro episódio. Basicamente, os adolescentes mais saudáveis do mundo estão presos em um hospital. Tem o garoto com fibrose cística (uma doença degenarativa dos pulmões) que fuma baseado e anda de skate pelos corredores. Tem o garoto problema, que não aceita companheiros de quarto e deve ter o plano de saúde mais compreensivo da face da Terra. Tem a menina com bulimia que mora no hospital pois… bem… o roteiro pede. Enfim, a justificativa para essa turminha aprontar altas confusões nesse hospital do barulho é simplesmente a vontade de produtores discutirem um tema “pesado” de forma (ridiculamente) “leve e alto-astral”. Patético.

Ponto positivo para o tema, que poderia render uma ótima série. Mas o tom, a perspectiva… tá tudo errado. É um Glee com câncer, que tenta te convencer que ficar doente é a melhor coisa que pode acontecer. Não, nem de longe.

A coluna s01e01 é publicada todas as segundas-feiras. Viu um piloto bacana e quer indicar pra gente? Viu um piloto muito merda e quer nos sacanear? Mande suas sugestões nos comentários!

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s01e01 /// Gotham http://paprica.org/2014/09/s01e01-gotham/ http://paprica.org/2014/09/s01e01-gotham/#comments Mon, 29 Sep 2014 09:00:10 +0000 http://www.papricast.com.br/?p=22911 post_s01e01gotham

SURPRISE mothafuckers!!! Essa é a nova coluna semanal do Papricast onde falamos sobre um piloto. E pra começar:

rubinho

Assisti um episódio bacana de uma série, onde a galera cai de avião numa ilha.

Não, não… para tudo. Não é esse tipo de piloto que vai ser comentado por aqui. Vamos falar sempre do episódio de estreia de uma série. Aquele episódio que tem a responsabilidade de convencer os executivos do canal, capturar a atenção do público, dar o tom a série, criar vários caminhos para a trama se desenvolver… enfim:

michaelclarkeduncan

E o papel do s01e01 é justamente analisar ESSE episódio. É claro que uma série pode melhorar muito depois de um episódio de estreia ruim (difícil, mas acontece) e também pode degringolar no decorrer da temporada (ou das temporadas). Mas, via de regra, o piloto tem a obrigação de acender uma chama e mostrar que o que vem a seguir tem potencial. E nesse quesito o nosso comentado da semana vai muito bem.

Vamos falar de Gotham, que estreia hoje, dia 29 de setembro, as 22h30m no Warner Channel.

Gotham é inspirada no universo de super-heróis da DC Comics e conta a história da ascensão do crime na cidade antes do surgimento de Batman. Tudo isso sob a ótica do jovem detetive James Gordon, que vê seus valores e crenças entrarem em conflito com os jogos de poder presentes na cidade e o frágil equilíbrio entre lei, política e crime organizado.

A série tem um episódio de estreia muito digno, e isso é um alívio para a maioria dos fãs do Homem-Morcego. Achei surpreendente a química entre Ben McKenzie e Donal Logue, respectivamente Gordon e seu parceiro Harvey Bullock, que se mostra presente desde as primeiras cenas. A interação dos dois personagens é peça chave para entender o funcionamento da cidade e a duvidosa relação da polícia com “poderes paralelos”.

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Como era de se esperar, Gordon é o escoteiro de plantão, que age sempre by the book e, por isso mesmo, começa a causar desconforto entre a turminha do mal. Já Bullock é o clássico tira bêbado e com um pé e meio na corrupção, que não quer se indispôr com ninguém. Mas isso obviamente muda quando um casal rico e conhecido da cidade é assassinado em frente ao filho, na saída do cinema. Já sacou quem são, certo?

bruce

Aqui entra um dos pontos promissores da série. Nunca (ou quase nunca) se explorou tanto o período de luto do jovem Bruce Wayne, aqui interpretado por David Mazouz. Normalmente acompanhamos o assassinato de seus pais, para depois passarmos por um salto temporal e vermos sua juventude, treinamento e início do combate ao crime. Justamente por ser um campo inexplorado, há um grande potencial para mostrar melhor a relação de Bruce e seu mordomo e tutor Alfred, vivido por Sean Pertwee. Com pouco tempo de tela nessa estreia, fica mesmo a expectativa para como esse tema será abordado no decorrer da temporada.

Mas além de ter um grande cuidado com a essência dos personagens, dá pra ver que os produtores também se preocuparam MUITO com o visual da série. Impecável seria a palavra, mas dizer que nos sentimos na mesma Gotham idealizada por Nolan em sua trilogia já é elogio suficiente. A direção de fotografia e de arte não erram ao retratar a cidade viva e sombria que tanto conhecemos. E para uma produção de TV essa é uma conquista invejável.

Confesso que meu maior medo em relação a série sempre foi o de que a transformassem em uma espécie de Smallville do Batman, com versões mirins de vilões e personagens recorrentes na mitologia do personagem. Na verdade há uma grande quantidade de referências durante o piloto. Algumas são explicadas em demasia, outras exigem muito desapego para não se deixar irritar pelas coincidências impostas pelo roteiro. A intenção era boa, mas sabe aquela “síndrome de novela das 8”, quando todo mundo janta no mesmo restaurante sempre só porque o personagem X é o proprietário? Pois é. Gotham é uma cidade grande. Nem todo mundo precisa se conhecer.

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Entre pontos positivos e negativos a média harmônica é excelente e o s01e01 de Gotham nos promete uma série policial interessante e bem produzida, com personagens carismáticos e várias referências ao universo do Cavaleiro das Trevas. E se Gordon parar de raspar o bigode no final da temporada, eu vou achar BEM legal.

A coluna s01e01 será publicada todas as QUINTAS-FEIRAS. Isso mesmo. Ela só saiu nessa segunda porque eu mando nessa porra afinal, a série está estreando HOJE.

Viu um piloto bacana e quer indicar pra gente. Viu um piloto muito merda é quer nos sacanear? Mande suas sugestões nos comentários!

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