Chega aos cinemas nesta sexta-feira, dia 25 de janeiro, a adaptação João e Maria: Caçadores de Bruxas. Filme dirigido pelo norueguês Tommy Wirkola, que também assina o roteiro junto com Dante Harper.
Como a própria campanha de marketing do filme deixa bem claro, o filme é mais do que uma releitura. Trata-se de uma continuação dos eventos do famoso conto criado pelos Irmãos Grimm, onde Hansel e Gretel (nomes originais) se perdem na floresta e acabam prisioneiros de uma bruxa em uma casa de doces. A trama se passa 15 anos depois do traumático evento da infância dos protagonistas, onde eles matam a bruxa queimada em seu próprio forno, e então se tornam caçadores especialistas em derrotar as feiticeiras do mal. Uma premissa muito interessante, pois abre possibilidade para explorar novas diretrizes criativas.
Logo na abertura do filme, temos um resumo do que se passa com os irmãos, ainda crianças, e o tom mais sinistro do filme é estabelecido pela fotografia escura e por uma bruxa visualmente nojenta de feia. A ideia funciona, afinal as crianças e os adolescentes de hoje estão consumindo um outro tipo de história, que por mais estilizadas e fantasiosas que sejam, são cobertas por um ar mais “realista” e violento. Aliás, aqui o sangue rola solto. Tem de tudo no filme: personagem explodindo, cabeça sendo esmagada por troll e estraçalhada com tiro de 12, decapitações, esquartejamento e por aí vai.
Porém, um dos principais problemas do filme é o roteiro fraco. Veja bem, eu disse a pouco que a ideia é boa e inclusive traz novos elementos que expandem o universo mágico de João e Maria (que não vou citar para não soltar spoiler). Mas mesmo com todos esses elementos promissores, o filme acaba caindo facilmente em clichês previsíveis e diálogos fracos, prejudicando assim o resultado como um todo. O interesse se esvai quando você se depara com um vilão explicando seu próprio plano, evidenciando detalhes desnecessários (com direito a flashback) e protagonistas fazendo pose pra foto de cartaz a cada dez segundos. Sem falar dos personagens descartáveis, que são introduzidos apenas para morrerem ou fazer um apelo dramático sem profundidade alguma. João chega ao cúmulo de usar um pedaço de madeira depois de perder sua arma no meio da luta, só para fazer pose heróica na hora de enfrentar a vilã.
O filme traz um visual steampunk, com armas estilizadas utilizadas pelos caçadores e cenas de ação que podem divertir os mais despretenciosos. As lutas são rápidas, sem câmera lenta e com cortes secos. Porém as coreografias acabam prejudicadas (ou ajudadas, vai saber), pois em algumas cenas é dificil entender o que está acontecendo na tela. Vale uma nota aqui: a minha percepção pode ter sido prejudicada pela projeção extremamente escura do cinema onde foi realizada a cabine do filme.
Entre falhas e acertos, pode-se dizer que é estabelecido um novo universo de aventura, com personagens clássicos repaginados de forma interessante e esperando uma continuação, caso o filme faça uma bilheteria razoável.
No elenco estão Jeremy Renner como Hansel/João, Gemma Artenon como Gretel/Maria e ainda Famke Janssen, a Jean Grey da triologia X-men, no papel da líder das bruxas. Particularmente, eu acharia mais divertido se o filme fosse dirigido por Tarantino e Hansel fosse um antecessor do Hawkeye.