No último dia 21 de maio a Microsoft veio a público anunciar seu novo console, o Xbox One. Muitas críticas foram feitas ao visual do console, que realmente parece um videocassete saído direto dos anos 80. Apesar do anúncio, muitos pontos ainda pareciam nebulosos entre as funcionalidades do videogame, principalmente a necessidade de acesso permanente à internet e à necessidade de pagamento para rodar jogos usados. Não dá para dizer que essa falta de afirmação no que se refere a esses pontos não foi proposital. A Microsoft deixou os boatos rodarem e analisou assim como seria o impacto de tal atitude. Analisou mal.
Nesta segunda-feira a noite aconteceu o painel mais aguardado da E3, onde a Sony finalmente mostraria a “cara” e mais detalhes sobre o novo Playstation 4. Para combater a Microsoft, os executivos da Sony criaram um sistema revolucionário de troca de games. Ele é tão complexo que precisa de um tutorial em vídeo para ser melhor compreendido.
Isso mesmo. Para emprestar um jogo para um amigo, basta… emprestá-lo. Sem taxas, sem cobrança, sem burocracia. Igualzinho você faz com qualquer mídia que compra, seja um CD de músicas, um filme em Blu-ray e até mesmo livros nos leitores digitais mais modernos ou no antigo sistema de papel e tinta. A Microsoft quis dar um passo para trás no relacionamento com seus usuários e a Sony acabou dando dez para a frente, apenas ficando no mesmo lugar.
A Microsoft tentou reforçar seus pontos fracos, como a lista de jogos exclusivos, por exemplo. Pode soar tentadora para um desenvolvedor a promessa de que a nova geração de games vai gerar ainda mais vendas, uma vez que tornaria obsoleta toda a rede de comércio de jogos usados bem como o bom e velho escambo entre amigos, mas o consumidor quer mais e não menos. A indústria vai ter que se adaptar a isso e não o contrário. Salvo o caso de que exista algum benefício tão vantajoso que justifique uma modificação no comportamento por parte do consumidor.
A atual geração, com Xbox 360 e Playstation 3, conseguiu a façanha de diminuir drasticamente o número de consoles “desbloqueados” mantendo a necessidade de um aparelho intocado para o uso em rede, para jogos online. O consumidor escolhe entre ter um console com centenas de jogos a um preço módico ou a possibilidade de se divertir em rede com os amigos. A escolha da maioria (obviamente a que tem acesso a banda larga de qualidade) foi permanecer no mundo dos jogos originais e com preço, aqui no Brasil, muito caro.
Mas não foi só a questão dos jogos usados que pesou contra a empresa do titio Gates. O preço do PS4 é 20% inferior ao do Xbox One. Enquanto a máquina da Microsoft chega pelo preço sugerido de U$500 (aqui no Brasil o preço anunciado é de R$2.199,00) o PS4 chega por U$399. Se levarmos em conta a mesma proporção de conversão, em terras brasileiras custaria R$1.775,00. Mas isso é só projeção, o preço oficial por aqui ainda não foi divulgado.
Mais do que todos os argumentos anteriores, fica a impressão de que a Sony investiu para fazer um VIDEOGAME de qualidade, enquanto a Microsoft procura proporcionar um centro de lazer para a família. O foco do PS4 continua sendo nos gamers e em sua experiência ao jogar. Filmes, conferências e outras utilidades podem ser diferenciais, mas no fim das contas, vai ganhar a briga quem impressionar mais os consumidores de games.
O que importa é que há muito tempo não se via um início de disputa por uma nova geração de games começar com uma disputa tão franca e, até agora, tão desequilibrada quanto a de PS4 e Xbox One. A Microsoft hoje a noite tomou um cruzado de direita e foi ao chão. Ainda não está nocauteada, mas vai precisar de muito esforço pra se colocar de pé e deixar essa luta em pé de igualdade novamente. No outro lado do ringue a Sony chega com sangue nos olhos, não querendo disputar mercado, mas sim desmontar sistematicamente o plano de negócios da concorrente. Quem vai ganhar essa luta a gente só vai saber realmente daqui há alguns meses, mas já dá pra dizer que a Sony largou muito na frente.