Em 1993, Steven Spielberg deu um presente para a humanidade: ele trouxe de volta os dinossauros. Se nas telas o visionário John Hammond (Richard Attenborough) era o responsável pela desextinção das criaturas, no mundo real Spielberg era quem deslumbrava a todos com o blockbuster que subiria a barra do padrão de qualidade em Hollywood. O Parque dos Dinossauros (1993) foi revolucionário ao trazer efeitos especiais jamais vistos, e genial graças a direção habilidosa de Spielberg. Lembro da primeira vez que vi os dinossauros, gigantes e lindos. Mas lembro também da tensão que foi observar pequenas ondas, em copos d’água, enquanto o T-Rex se aproximava para mudar de vez a indústria dos filmes arrasa quarteirões.
Mas, chega de passado. Hoje (11/06/2015) estreia Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros e nele finalmente conseguiram fazer “funcionar” o tão sonhado parque temático com dinossauros vivos. Recebendo diariamente milhares de pessoas, o parque enfrenta o mesmo problema que a industria do cinema vem enfrentando na última década: está cada vez mais difícil impressionar seu público. Se no filme as crianças já estão acostumadas com dinossauros e olham para eles como se olhassem a um elefante no zoológico, fora das telas eles também enfrentam uma competição pesada contra Godzillas, Hobbits, malucos no deserto e em breve, Jedis (YESSSS). Inclusive, um dos pontos mais interessantes do filme é a maneira como ele usa o próprio parque como uma ferramenta de metalinguagem para analisar a indústria do cinema.
A solução desesperada encontrada pelos administradores do Jurassic World, para burlar a possível apatia de seus espectadores, é criar um novo dinossauro. Eles precisam de uma criatura maior, com mais dentes e mais assustadora. Ao fazerem isso, como vocês podem imaginar, tudo sai de acordo com os planos deixando a todos ricos, felizes e satisfeitos. LÓGICO QUE NÃO. Eles criam uma máquina de matar, um super predador sem controle algum, capaz de devorar qualquer coisa viva dentro do parque.
Chris Pratt e seus velociraptors (se eu fosse ele eu criaria uma banda com esse nome), entram para a lista de “legalzices” do filme. Mas não se empolguem. Salvo uma ou outra surpresa, pouca coisa acontece além do que já foi mostrado nos trailers. Bryce Dallas Howard também está bem no filme. Ela é Claire, a administradora do parque e tia das ‘crianças da vez’, que vão acabar perdidas pelo parque. Durante o filme vemos a conhecida transformação da dondoca em heroína. Isso pode até ser um recurso batido, mas ainda é legal.
No caminho para o cinema eu me perguntei diversas vezes: o que teremos de novo dessa vez? Qual será o espetáculo? E esse foi o problema. O filme não inova em nada. Temos bons efeitos especiais, boas cenas de ação, criaturas maiores, o astro do momento e uma história previsível. A verdade é que estamos viciados em espetáculos, sempre buscando aquele mesmo rush que sentimos na primeira vez que vimos os dinossauros em 1993, ao som da trilha perfeita de John Willians (que eu lembro ter me feito esquecer de respirar por alguns segundos).
O resultado de tudo isso é um bom filme de aventura, que cumpre seu papel de levar o público jovem para o cinema, mas que nem de perto fará esse mesmo público lembrar do filme daqui a 20 anos.