Uma coisa me deixa preocupado cada vez que saio de um filme produzido pela Marvel Studios: a qualidade das produções está decaindo filme a filme. Para exemplificar, segue meu ranking de filmes da Marvel:
1º Homem de Ferro
2º Homem de Fero 2
3º Thor
4º O Incrível Hulk
5º Capitão América
Claro que essa é apenas uma percepção pessoal, mas veja que, com exceção de O Incrível Hulk que achei um filme fraco logo de cara, os filmes foram decaindo praticamente na ordem de lançamento. Talvez por não se preocuparem tanto em servir de elo para o longa dos Vingadores, ou graças ao carisma fenomenal de Robert Downey Junior, os dois Homem de Ferro são disparados os melhores filmes do estúdio. Vale sempre lembrar que essa lista conta apenas com os filmes produzidos pela Marvel Studios. A franquia X-Men, Wolverine, Demolidor, Homem Aranha e O Quarteto Fantástico são produções de outros estúdios, que compraram os direitos junto a Marvel.
Desde sempre tive muito medo de um filme do Capitão América. Achava que um filme de um herói tão datado, panfletário e que teve de se reinventar tantas vezes nos quadrinhos para continuar existindo, dificilmente daria certo. Quando anunciaram Joe Johnston na direção e Chris Evans como protagonista, praticamente dei como certo o desastre da iniciativa. Acabei mordendo a língua. Johnston e Evans SALVAM o filme de ser uma tragédia total. Os problemas? A meu ver um roteiro que desanda da metade pra frente e falta de coragem do estúdio.
A adaptação começa excelente, mostrando o jovem e raquítico Steve Rogers tentando com todas as forças se alistar para lutar na Segunda Guerra Mundial. Sua fraqueza física contrasta com sua louvável fibra moral. O Dr. Abraham Erskine, interpretado por Stanley Tucci, percebe o valor do rapaz e resolve alistá-lo no programa de supersoldado que desenvolve para o governo americano junto com Howard Stark (sim, o pai de Tony Stark, o Homem de Ferro).
Enquanto isso Johann Schmidt – vivido por Hugo Weaving – é um oficial da Hidra, uma subdivisão do exército nazista, que busca o poder do cubo cósmico, um artefato mítico da cultura nórdica que vai propiciar a criação da arma suprema para vencer a guerra. Schmidt, no passado, roubou uma versão inacabada do soro desenvolvido por Erskine que o deformou, tornando-o no Caveira Vermelha. Mais do que as minorias que os nazistas dizimavam, Schmidt mostra desprezo por todos os seres humanos, acreditando estar em uma condição quase divina.
O filme caminha muito bem até sua metade, mostrando sem pressa toda a transformação de Rogers em um supersoldado. Até mesmo o nome Capitão América ganha uma explicação bastante plausível e nada patriótica. Rogers serve de garoto-propaganda para que o governo venda cupons que financiam o esforço de guerra, quando descobre que seu amigo de infância, Bucky Barnes, está desaparecido em ação. Daí para que Rogers saia em uma missão não autorizada movida pela lealdade, é um passo. Quando a aventura realmente começa é que os problemas surgem. Com um segundo e terceiro atos espremidos para caberem em duas horas de projeção, as relações do agora ídolo Capitão América com seus companheiros e, até mesmo, o antagonismo com o vilão são apressados e mal desenvolvidos. O romance totalmente desnecessário com Peggy Carter e o final descabido dado a um personagem importante são empurrados a força para o espectador, na esperança de que as ações do protagonista soem mais motivadas. Não que fosse necessário, pois desde o início sabemos que Steve Rogers agirá da forma certa, sem necessitar de motivações extras.
Mas o que definitivamente mais me incomodou no filme foi a falta de coragem do roteiro. Ao eliminar totalmente a ameaça nazista, focando exclusivamente na sub-divisão Hidra, a impressão é que estamos assistindo uma versão de G.I. Joe (ou Comandos em Ação, como preferir) onde o Capitão América foi jogado acidentalmente. Desde os vilões, até os veículos mirabolantes que todos usam fazem essa impressão ficar cada vez mais forte. Se foi desejo de tornar a história mais “leve” ou de vender mais brinquedos para crianças e marmanjos, não dá pra saber. A impressão é de que perdeu-se a oportunidade de fazer um ótimo filme de guerra, onde o Capitão América seria quase como uma lenda, daquelas histórias que se contam nas trincheiras mas que ninguém tem certeza se é verdade ou não. Fica para a história um filme leve e infantil demais, que pode muito bem virar desenho animado para os pequenos americanos assistirem aos sábados pela manhã. Quem sabe era essa a intenção mesmo?
A essa altura você pode estar pensando “nossa, esse filme deve ser uma droga”, mas não, não é. É apenas um filme onde se vê um potencial enorme ser construído para depois ser jogado fora. Mas ainda sim é uma boa aventura e renova a fé de que Chris Evans representará bem o Capitão quando se reunir a Homem de Ferro, Hulk e Thor. A verdade é que sempre que vou ao cinema assistir a um dos filmes da Marvel, procuro a mesma sensação que tive quando saí do primeiro Homem de Ferro. Até agora a magia não se repetiu. Quem sabe em 2012 com Os Vingadores?
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