Eu sinto uma atração inexplicável por filmes de terror. Cresci assistindo Cine Trash na Band. Zé do Caixão e suas Caixoletes (nem ideia do nome das mocinhas), estão na base do meu amor por cultura pop e, principalmente, por filmes de terror. Mesmo se não fosse meu trabalho eu daria um jeito de, cedo ou tarde, descobrir quem diabos é esse tal de Charlie, que não tem mais o que fazer a não ser girar canetas por aí.
Se você tem menos de 50 anos e não mora em uma caverna, provavelmente ouviu falar da brincadeira Charlie, Charlie are you here? A internet enlouqueceu. Foi lindo ver jovens relatando casos “reais” de contato com o espírito do garoto Charlie. Alguns dizem até ter ficado com mal estar. Pois então… tudo não passou de uma linda campanha de marketing para o lançamento de A Forca, filme produzido por Jason Blum (também responsável por Atividade Paranormal) e dirigido pela dupla Travis Cluff e Chris Lofing.
Se eu tivesse visto este filme em casa, provavelmente teria desistido nos primeiros 20 minutos. Explorando o já surrado gênero Found Footage, A Forca começa nas mãos de Ryan Shoos, interpretado por RYAN FU**ING SHOOS (não se prestaram nem a mudar o nome do ator para criar o personagem). Esse indivíduo é possivelmente a criatura mais irritante que eu já vi em um filme. Ele me fez torcer como nunca para um assassino!
A história se desenvolve em cima de uma tragédia que aconteceu com o garoto Charlie, em uma peça de teatro que leva o mesmo nome do filme. Em uma cena de enforcamento (extremamente realista), nosso futuro espírito assassino acaba, de fato, morrendo. 20 anos depois, o colégio onde isso aconteceu, resolve homenagear a peça repetindo e espetáculo.
Por motivos de hormônios adolescentes, Reese Houser, interpretado por Reese…Mishler (wow, mudaram o segundo nome), entra para o novo elenco de A Forca, mas muda de ideia um dia antes. Seguindo a pilha errada do FDP Ryan, ele, junto com a gatinha Cassid Spilker (a esse ponto você já imagina o primeiro nome da atriz), resolvem invadir a escola durante a noite e destruir o cenário da peça.
Por se passar em um colégio escuro, o espectador não consegue enxergar com clareza o que está acontecendo. Só é possível ver até onde a luz da câmera alcança. Esse recurso funciona muito bem para o filme, criando um clima de tensão constante. Fora isso, os sustos ficam por conta de barulhos repentinos, incrivelmente altos. Me chame de velho, mas boa parte do meu medo era pela minha pobre audição.
Além dos sustos “baratos”, que seguem religiosamente períodos de silêncio (fica fácil prever quando algo vai acontecer), A Forca não tem nada mais a oferecer a não ser uma história boba com um plot twist previsível e atores terríveis.
Eu adorei o filme, mas porque eu sou um retardado. Meu gosto por filmes fecais de terror complicam meu julgamento numa hora dessas. Se você compartilha dessa maldição comigo, vai lá…chafurda nessa porcaria que é A Forca. Quero aproveitar esse espaço para deixar meus parabéns aos responsáveis pelo marketing do filme. O produto deles é terrível mas, mesmo assim, eles fizeram um trabalho digno de premiação em Cannes.