Papricast 166 /// Black Mirror

As mãos estavam molhadas. Uma veia na têmpora pulsava, bombeando sangue como um motor acelerado. O corpo gelado gerava calafrios atravessados que iam da parte superior do torso até sua virilha. O piso frio sugava com força sua energia para o vazio.

Era um cômodo pequeno, com paredes azulejadas de branco, uma pequena pia em sua frente pingava constantemente, causando um ruído irritante da água que ressonava diretamente no cano antigo, de cobre. O assento do sanitário começa a escorregar, com o misto de suor e medo que saia de sua pele. A porta estava entreaberta, deixando entrar um bafo quente e modorrento, que sacudia a toalha pendurada logo acima de sua cabeça. Uma gota de suor escorreu pela pele fria de suas costas, adentrando o cóccix sem pedir favor.

Parou por um minuto analisando suas possibilidades. A única esperança seria encontrar o carregador, perdido ao lado da pilha de roupas sujas, e alcançar a tomada ao lado do espelho.

Nesse momento uma tela clara se acendeu em seu celular, informando a descarga total de seu aparelho.

A tela escureceu e pode ver sua face amedrontada, os cabelos desgrenhados. Fitou os olhos sem esperança de quem vai ao banheiro e fica sem bateria.

Nosso episódio dessa semana é sobre a incrível série britânica Black Mirror. Dê o play e venha encarar o espelho negro com a gente.

[DOWNLOAD]

Ficha Técnica: Nesse programa Marton Santos, Leonardo Santos, Jaison Mafra e Elton Bandeira ficam com medo do futuro por 76 minutos.

Curta Argentino “Uncanny Valley”

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  • Eduardo Ramos

    Melhores episódios de Black Mirror na minha opinião:
    1. White Christmas
    2. The Entire History of You
    3. Fifteen Million Merits

  • Walter

    Grande dica a do Uncanny Valley.

    Como Papricast é cultura, esse é um termo clássico da robotica (criado nos anos 70, por um japones, naturalmente…) que se refere à curva da aceitacao da forma de objetos por seres humanos (eixo y) à medida que essa forma vai se aproximando da de um ser humano (eixo x).

    Inicialmente essa curva sobe – um robo vagamente similar ao homem desperta mais empatia que um robo industrial, que basicamente é um braço mecânico. Mas existe um ponto de inflexão nessa tendencia, indicando a rejeicao de formas próximas à humana mas não exatamente iguais – por exemplo, estátuas de cera. Esse é o Uncanny Valley, que se reverte novamente quando a forma de um robô é quase indistinguível de um ser humano.

    A expressão “cruzar o Uncanny Valley” significa que o robô é tão próximo da forma humana que sua forma é aceita naturalmente.

    Mais detalhes:
    http://spectrum.ieee.org/automaton/robotics/humanoids/an-uncanny-mind-masahiro-mori-on-the-uncanny-valley

    • http://www.papricast.com.br Panda

      Demais Walter! Baita contribuição.

  • Rafael Vieira

    Fui escutar empolgado ao episódio por falar de uma das séries que mais curto, mas que é bem desconhecida aqui no Brasil. Contudo, fiquei extremamente decepcionado quando o tema do programa descambou para ataques vazios e fúteis repetidos à exaustão pela esquerda caviar contra a meritocracia. Não consegui escutar mais a essa doutrinação ideológica e tive que parar de escutar o programa. Infelizmente, perderam um ouvinte.

  • frozzzt

    Curti demais a série toda. O episódio do White Bear foi o que menos me interessou. Ao contrário de todos os outros episódios que achei a estória muito bem conduzida, no white bear a estória que está sendo nos contada (sem spoilers) não me interessou, e principalmente a atriz principal é chatíssimo ao extremo, insuportável ouvir o melodrama dela.

    Agora.. o de natal. de longe explodiu minha cabeça 8)

  • Rafael M.

    Numa boa, vocês se perdem quando falam de política. O podcast era tão melhor quando não falavam em políticos, partidos, ideologias. Não estou defendendo ninguém, Bolsonaro, Collor, Dilma, não valem nada. Enfim, é só uma opinião.

  • Marcel

    Meu cartão expirou e saí automaticamente do Patreon, agora não sei se volto pro mesmo ou se vou pro Padrim e contribuo com R$1,00.
    Por favor mestre guru Leonardo Santos, sane esta minha dúvida!

  • Dioges Cavalheiro

    Vou começar a ver a série agora!! Não agora não dá porque estou no trabalho pedalando a minha bike… É não ficou legal isso e tá começando a ficar estranho… melhor parar de escrever.
    Mas, enfim, a série eu vou ver, vocês deram bons motivos.

  • Paulo

    Marton, seu comentário foi extremamente leviano.
    Sim, o que você citou realmente foi um exemplo raríssimo de meritocracia, pois quanto mais longe se está do seu objetivo mais difícil é alcança-lo, mais esforço e sacrifícios são necessários para tal.
    Assim como quase todos os conceitos criados pelo homem, a meritocracia funciona em etapas, em níveis.
    Vou te dar o meu exemplo:
    Eu só tinha o segundo grau sem especialização alguma e por este motivo só arrumava empregos como de officeboy, auxiliar de serviços gerais ou auxiliar de escritório qué me pagava apenas um salário mínimo.
    Enxuguei minhas despesas ao máximo, e com muito esforço, paguei um curso para técnico em segurança do trabalho. Durante um ano e meio saia de casa 6h da manhã e chegava meia noite. Em um escritório de contabilidade, para ganhar um dinheiro a mais, trabalhava sábado e domingo com lançamento de notas fiscais no computador.
    Me formei e consegui um emprego onde ganho 6x mais.
    Me esforcei, estudei muito e passei para Química na UFRJ e agora estou estudando pra caramba para poder galgar mais um degrau.

    ISSO É MERITOCRACIA!
    É se esforçar para crescer e melhorar!
    É correr atrás de soluções para seus problemas e não esperar elas caírem do céu!
    É tomar as rédeas do seu Destino das mãos dos outros.

    • Benedito Portela

      Pois é Paulo, penso como vc tb, não quis falar para evitar bate boca, visto que neste episódio ele mandou gente tomar no c….,! Alguns amigos vem com este mesmo papo sobre meritocracia e descobrir o porquê, tem um livro da década de 50 que redefine negativamente o termo, e em cima dele é que nossa educação “imparcial” se baseia! Achei um texto muito bom de um cara que explica bem isto, é só procurar por “Meritocracia e seu oposto”, já tinha minha ideia sobre o assunto, mas este cast me fez procurar o que seria “a melhor opção” a famigerada “Meritocracia”! Valeu!
      Bené

    • Marton Santos

      “Ainda não teve quem conseguisse usar o termo “meritocracia” como o que ele realmente é.
      Uns usam como a cenoura na vara, pra fazer o burro continuar andando. Outros demonizaram a palavra, tornando sinônimo de injustiça social e velha ordem.
      Mas a parada de merecer, mesmo, parece que ninguém entendeu. É o duplipensar em ação.
      Salve Orwell”

      Essa foi uma postagem minha, na minha conta pessoal do Facebook no começo do ano. Mostro isso pra dizer que não demonizo, e nunca o fiz, o uso da palavra ou o que ela significa. O que defendi durante o programa, e que talvez tenha perdido contexto, é que existe uma corrente que usa a “meritocracia” para justificar o encerramento de programas sociais, cotas em universidades e qualquer iniciativa que tente dar chances iguais a seres humanos iguais. Que bom que você é um exemplo que conseguiu, através do proóprio suor, superar todas as adversidades.

      Mas pode ser fácil. Aliás, não tem que ser tão difícil. Eu não nasci em berço de ouro, mas ao contrário de você sempre tive acesso a uma educação de qualidade, boa alimentação, aulas de reforço, nunca precisei trabalhar enquanto estudava, etc, etc… Aguardo ansiosamente o dia em que o governo e a sociedade façam por onde e facilitem a vida de quem não nasceu com as mesmas vantagens que eu. Torço por um mundo onde pessoas como você possam chegar muito mais longe, pois puderam se dedicar aos estudos mais cedo. Torço, de verdade, pra que a sociedade seja um pouco mais igual, apesar das nossas diferenças.

      Isso não vai acontecer apontando exemplos como o seu, que deu certo. O que teria acontecido se você tivesse ficado doente no meio desse processo e não pudesse trabalhar? O que aconteceria se você tivesse cometido qualquer engano em uma prova e não cosneguisse a vaga que conseguiu? Eu sonho com um mundo um pouquinho melhor não só pra quem deu certo, mas também pra quem correu tudo errado, pq eles também merecem ter as oportunidades que eu tive. Isso não é assistencialismo, não é favor… é ter um pouco de compaixão e humanidade.

      • Paulo

        Marton, eu acredito em nivelamento para cima.
        Não acredito em dar o peixe, acredito em ensinar a pescar.
        E o único jeito de isso acontecer é através do retorno de nossos impostos no que ele realmente deveriam ser aplicados como educação, saúde. saneamento, etc…
        Uma universidade em São Paulo (da qual não me lembro o nome) teve 80% das vagas ocupadas por alunos da rede pública com um programa que oferece uma ajuda de custo para estudantes da rede pública de ensino.
        Isso é meritocracia, é a pessoa sendo premiada por seu esforço e ao mesmo tempo uma forma de redistribuição de oportunidades.

        • Marton Santos

          Perfeito Paulo, só que os programas sociais não devem contemplar apenas estudantes, sejam do ensino fundamental, médio ou superior. Essa é apenas uma fração do problema que vive o país. Existem milhões de pessoas que se enquadram em uma categoria que nunca teve educação mínima, emprego decente, sequer é alfabetizada. Não dá pra pensar o futuro sacrificando uma geração inteira. Temos que conviver, trabalhar e ser responsáveis por quem é mais frágil. Se o caminho é SÓ redistribuir renda? Claro que não!. Todos os outros programas periféricos que deveriam trabalhar pra que as futuras gerações não dependam do governo não estão sendo feitos. Mas falar em meritocracia pra uma pessoa de 60 anos, analfabeto, desnutrido e sem um dente na boca, que sempre trabalhou por menos do que um salário mínimo, é uma cretinice. Essa pessoa precisa de apoio do governo, o governo trabalha com dinheiro dos impostos, é um ciclo inevitável, onde gente escrota vai dizer que “não quer sustentar vagabundo” mas aceita pagar 5 reais pra um morador de rua lavar o carro dele. Todo mundo se aproveita da miséria em algum momento da vida, mas na hora de cobrar soluções trata os fragilizados como “vagabundo”. ESSE uso da palavra meritocracia é abusivo e nojento, independente de texto dos anos 50, independente de discurso pseudo-esquerdista.

          Meritocracia eu quero muito que seja aplicada aqui no meu trabalho, onde mais de 50 pessoas com ensino superior trabalham de igual pra igual, se destacam ou somem no bolo graças a seu próprio talento. Eu falar que vou ter janta em casa a noite porque “me esforcei mais” que o rapaz que vai dormir debaixo da marquise aqui do prédio seria, no mínimo, falta de caráter.

      • Paulo

        Quanto ao Bolsonaro, não acho que ele um salvador da pátria, mas o menos pior das opções.
        Pelo menos ele não está envolvido nenhum esquema de corrupção (ou pelo menos não foi descoberto ainda)
        Tem alguém no cenário político nacional que você me sugeriria pesquisar?

  • Gustavo Petry

    Cara, que texto massa, Marton. Adorei essa introdução do episódio, ficou foda, parabéns. Black Mirror é o tipo de série que explode cabeças, abre os olhos e muda a vida.

  • Bruna H

    Caramba, a cidade do sul de Minas é a minha! Santa Rita do Sapucaí! Mano, não tem nada haver com o episódio, mas alguém saber que minha cidade existe é surreal. Léo, cada a globalização e tecnologia agora?

  • Marcial

    Lost subtendido vale pro Papribingo?

  • Suelen

    Pra mim, o mais interessante dessa série é que cada episódio pode ter diversas interpretações dependendo da sua experiência de vida. Pra mim o melhor episódio é o segundo (da bicicleta) pq foi o que mais me perturbou, pois eu estou aqui pedalando minha bicicleta todos os dias e é muito desconfortável qdo alguém joga isso na sua cara. O especial de Natal é meu segundo episódio favorito, ele faz referências à todos os outros, inclusive eles assistem o reality show do segundo episódio. Pra mim é uma série tão boa que até o episódio que é ruim é bom, o do Waldo eu tb não gostei mto, mas traz uma reflexão bacana. Enfim, faz um tempo que vi a série e ouvir o Papricast trouxe todas as emoções de volta e eu arrepiei em algumas partes (White Bear).

    Abraço a todos

  • Benedito Portela

    Caramba, estava doido para ouvir um podcast sobre esta serie, e que bom que foram vcs, ficou muito bom! Sobre o nome eu tive interpretação apos assisti quase todos, é que “black mirror” seria um reflexo bizarro da sociedade, um futuro negativo, algo como se a sociedade não melhorar, vai acabar se tornado aquilo, total falta de humanidade, compaixão, é perturbador mesmo, aquele sentimento do “Além da Imaginação” bem retratado! Sobre o episodio do cara pedalando, para mim o mundo acabou mesmo, restou apenas um punhado de pessoas em uma estação subterrânea, onde o único recurso de energia seja este de pedalar, é quase o reflexo da sociedade hoje viciada no mundo virtual!
    Valeu!
    Bené

  • http://richellyitalo.com Richelly

    Estava aguardando há um tempo alguém falar único e exclusivamente sobre BlackMirror, essa série é a melhor (depois de Breaking Bad).

  • Waldir K, Junior

    ficou foda o site novo,parabéns!orgulho dos Padrinhos! =) , sucesso !

  • Gabriel Monticelli

    Tava com saudade do Elton 😀

  • http://facebook.com/clebersonbalbino Cleberson Balbino

    Essa plataforma nova de apoio ficou bem melhor, já tem minha contribuição mensal pessoal.

  • Marcial

    Eba!!!! E simbora ouvir mais um Papricast com tema maravilhoso. Elton!!!!!!

  • Ana Carolina de Alexandria

    Tema mara e com o Elton uhuuu :)

    • Adriana CR

      Elton Bandeeeeira, êhhhhhh \o/